Comunidade de Enjeitado na cidade de Solidão. Não por acaso, apenas quem mora lá, num raio de vários quilômetros, é Maria Neves da Conceição, 47 anos. Todo mundo foi embora e quem consegue chegar à casa dela não precisa perguntar o motivo. A estrada é um vão forrado por pedras entre uma vegetação tão estorricada que o cenário lembra ferrugem. É quase impossível chegar até lá de carro. Imagine um caminhão com uma cisterna. Por isso, Dona Maria tentou a sorte em São Paulo, em junho deste ano. Mas a troca de Solidão pela multidão da capital paulista não deu certo.
No Sudeste, ela passou cinco meses fugida da seca, a família inteira, composta por sete pessoas. Ela não possui cisterna - nem de plástico nem de alvenaria. Também não tem poço. A água vem do poço de um vizinho. Entenda-se por vizinho uma casa ao longe, que da propriedade dela se resume a um ponto cinzento.
O acesso difícil aliado à irregularidade de sua moradia não dão sombra de perspectiva melhor. Só pode concorrer à cisterna de polietileno quem tem tudo regularizado. "Não estava aqui para me cadastrar. E também não tenho terra; moro na terra dos outros. Por isso, não tenho acesso a outros benefícios", diz, ao mesmo tempo em que afirma contar como único auxílio R$ 200 do Bolsa-família.
DO NE 10
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