“O valor que seria gasto na contratação
de bandas, na limpeza das ruas e calçadas, na intensificação da
segurança e no prejuízo por qualquer dano ao patrimônio vai ser aplicado
no que a cidade carece: água. Vamos tentar minimizar o sofrimento
acarretado pela estiagem. Além do mais, este ano teremos uma redução de
8,1% na arrecadação. Serão mais de R$ 800 mil que vamos perder. Temos
que nos focar nas reais necessidades da cidade”, comentou o prefeito
Edson Sousa.
A administração municipal da cidade de
Buíque, no Sertão, tomou a mesma decisão. A cidade é uma das poucas no
Brasil onde a população rural é maior que a urbana e é na zona rural que
os efeitos da seca aparecem com mais severidade. “Se você passar nos
sítios, nos ranchos daqui, vai ver a desolação na feição do povo mais
antigo. Ele ‘tá’ vendo o fruto de uma vida toda indo embora com a seca.
Seria uma falta de respeito com eles gastar qualquer valor em festa. É
muito sofrimento”, relatou o secretário de Finanças de Buíque, Adelino
José dos Santos.
A principal fonte de abastecimento da
cidade é a Barragem do Mulungu, que secou desde o segundo semestre do
ano passado. Água encanada não tem mais. O abastecimento é feito por
carros-pipas. “A tradição do nosso Carnaval são os banhos de cheiro na
praça para os foliões. A começar daí não teria sentido investir na ideia
de Carnaval. A juventude daqui como a de qualquer outro lugar é
inquieta. Mas apesar do sentimento de lamentação pela suspensão da
festa, não existiu revolta. Eles sabem da dificuldade que a cidade está
passando, que seus familiares estão passando. E não discordaram da nossa
decisão em nenhum momento”, afirmou Santos.
Fonte: Folha-PE
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