quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Seca faz municípios suspenderem o Carnaval

O Agreste pernambucano tem sido castigado pela seca, água encanada já não chega nas casas de grande parte das cidades da região, mananciais secaram, produtores rurais se empenham para salvar o que sobrou da lavoura e da criação de animais. Em meio a esse cenário, os gestores dos municípios se viram pressionados a optar por suspender a festa de Carnaval. Foi com uma divulgação de uma nota de esclarecimento na internet que a Prefeitura de Brejo da Madre de Deus, a 199 quilômetros da Capital pernambucana, anunciou a decisão de suspender as comemorações. De acordo com o prefeito da cidade, a verba gasta para a realização do evento seria acima da realidade municipal, que vive um dos piores momentos de estiagem da sua história.

“O valor que seria gasto na contratação de bandas, na limpeza das ruas e calçadas, na intensificação da segurança e no prejuízo por qualquer dano ao patrimônio vai ser aplicado no que a cidade carece: água. Vamos tentar minimizar o sofrimento acarretado pela estiagem. Além do mais, este ano teremos uma redução de 8,1% na arrecadação. Serão mais de R$ 800 mil que vamos perder. Temos que nos focar nas reais necessidades da cidade”, comentou o prefeito Edson Sousa.

A administração municipal da cidade de Buíque, no Sertão, tomou a mesma decisão. A cidade é uma das poucas no Brasil onde a população rural é maior que a urbana e é na zona rural que os efeitos da seca aparecem com mais severidade. “Se você passar nos sítios, nos ranchos daqui, vai ver a desolação na feição do povo mais antigo. Ele ‘tá’ vendo o fruto de uma vida toda indo embora com a seca. Seria uma falta de respeito com eles gastar qualquer valor em festa. É muito sofrimento”, relatou o secretário de Finanças de Buíque, Adelino José dos Santos.

A principal fonte de abastecimento da cidade é a Barragem do Mulungu, que se­cou desde o segundo semestre do ano passado. Água encanada não tem mais. O abastecimento é feito por carros-pipas. “A tradição do nosso Carnaval são os banhos de cheiro na praça para os foliões. A começar daí não teria sentido investir na ideia de Carnaval. A juventude daqui como a de qualquer outro lugar é inquieta. Mas apesar do sentimento de lamentação pela suspensão da festa, não existiu revolta. Eles sabem da dificuldade que a cidade está passando, que seus familiares estão passando. E não discordaram da nossa decisão em nenhum momento”, afirmou Santos.

Fonte: Folha-PE

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