O uso indevido de remédios pode causar graves intoxicações e até a morte
Foto: Bruno de Carvalho/Especial para o NE10
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O problema não para por aí. Os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos. A informação é do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). Além disso, pelo menos 10% das internações hospitalares no mundo são provocadas por reações adversas a medicamentos, aponta estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Atento ao mau hábito do brasileiro de se automedicar, o cirurgião geral e do aparelho digestivo Gustavo Menelau faz uma alerta: "Cada organismo é um organismo. As pessoas regem de formas diferentes aos medicamentos. Não é porque sua irmã tomou um remédio para dor de cabeça que você também possa tomar".
Segundo o especilista, os medicamentos mais consumidos sem prescrição médica são antitérmicos, anti-inflamatórios e analgésicos. Muitos pacientes também abusam dos antidepressivos e antibióticos.
"O abuso dos anti-inflamatórios pode causar gastrites, disfunção renal e até alterações na pressão arterial. No caso dos antibióticos, o perigo do uso indiscriminado na resistência bacteriana. Se você abusa dos antibióticos, chega uma hora que ele não funciona mais", detalha o cirurgião, que também é diretor-médico do Hospital Jayme da Fonte.
O médico também chama a atenção para um grupo crescente de pacientes que recorre aos antidepressivos para conseguir driblar a insônia, mal que afeta cerca de 150 milhões pessoas no mundo, e pelo menos 30% da população brasileira. Segundo o cirurgião, esse tipo de medicamentos causa dependência rapidamente, além de, com o tempo, precisar aumentar a dose para que eles façam efeito.
"Mesmo com a determinação da Anvisa de cobrar a prescrição médica para antibióticos e antidepressivos, as pessoas conseguem burlar as regras e comprá-los por conta própria. Além disso, outro remédio que deveria precisar da prescrição era o anti-inflamatório por causa dos males que ele pode causar à saúde", ressalta Gustavo Menelau.
O cirurgião geral reclama ainda do hábito de pedir indicações de remédios aos farmacêuticos e observa para o fato de as pessoas muitas vezes errarem na posologia que deve ser feita do medicamento. "Apenas o médico pode dizer por quantos dias e de quantas em quantas horas o remédio deve ser ingerido", explica.
Gusvato Menelau deixa ainda o pedido: "Procurem o médico sempre que puderem. Às vezes, uma dor de cabeça não é uma simples enxaqueca".
MEDICAÇÃO | NOMES GENÉRICOS | INDICAÇÃO | SUPERDOGAEM |
ANALGÉSICO | Paracetamol, Dipirona, Ácido acetilsalicílico | Usado para aliviar dores leves e moderadas | Expõe o fígado causando danos irreversíveis, como as hepatites |
ANTITÉRMICO | Paracetamol, Dipirona, Ácido acetilsalicílico | Combate o aumento da temperatura do corpo. A febre acontece quando há uma infecção, inflamação ou lesão confundindo o mecanismo de controle da temperatura corporal | Podem baixar, por algum tempo, o número de células de defesa no organismo, deixando-o mais vulnerável |
ANTI-INFLAMATÓRIO | Diclofenaco | Evitam inflamações e inchaços que ocorrem por causa de uma lesão ou por doenças inflamatórias | Em excesso podem causar problemas cardiovasculares, hipertensão, inchaço nas pernas e lesões gástricas |
ANTIBIÓTICO | Penicilinas, Cefalosporinas, Sulfas, etc | Evitam que as bactérias que causaram a infecção se proliferem | Pode aumentar a resistência das bactérias contra o medicamento |
DESCONGESTIONANTES NASAIS | Em gotas | Seu uso por mais de uma semana pode gerar dependência química. Viciado, o paciente passa a usar o remédio mesmo sem estar com o congestionamento nasal | |
Em comprimidos | Podem acarretar sintomas como ansiedade, insônia, aumento da frquência cardíaca, hipertensão e retenção urinária. Não causa dependência química. |
Marília Banholzer
Do NE10
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