terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Médico alerta para perigos da automedicação e reclama da venda indevida de remédios

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O uso indevido de remédios pode causar graves intoxicações e até a morte
Foto: Bruno de Carvalho/Especial para o NE10
Dor de cabeça, desconforto nos olhos, dores musculares, insônia e até "pequenas" inflamações são tratados diariamente longe dos consultórios médicos. O que pode paraecer inofensivo, na verdade, é visto pela sociedade médica como um grave problema de saúde pública. A cultura da automedicação é responsável pela morte de cerca de 20 mil brasileiros todos os anos, segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas (Abifarma).

O problema não para por aí. Os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos. A informação é do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). Além disso, pelo menos 10% das internações hospitalares no mundo são provocadas por reações adversas a medicamentos, aponta estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Atento ao mau hábito do brasileiro de se automedicar, o cirurgião geral e do aparelho digestivo Gustavo Menelau faz uma alerta: "Cada organismo é um organismo. As pessoas regem de formas diferentes aos medicamentos. Não é porque sua irmã tomou um remédio para dor de cabeça que você também possa tomar".


Segundo o especilista, os medicamentos mais consumidos sem prescrição médica são antitérmicos, anti-inflamatórios e analgésicos. Muitos pacientes também abusam dos antidepressivos e antibióticos.

"O abuso dos anti-inflamatórios pode causar gastrites, disfunção renal e até alterações na pressão arterial. No caso dos antibióticos, o perigo do uso indiscriminado na resistência bacteriana. Se você abusa dos antibióticos, chega uma hora que ele não funciona mais", detalha o cirurgião, que também é diretor-médico do Hospital Jayme da Fonte.

O médico também chama a atenção para um grupo crescente de pacientes que recorre aos antidepressivos para conseguir driblar a insônia, mal que afeta cerca de 150 milhões pessoas no mundo, e pelo menos 30% da população brasileira. Segundo o cirurgião, esse tipo de medicamentos causa dependência rapidamente, além de, com o tempo, precisar aumentar a dose para que eles façam efeito.

"Mesmo com a determinação da Anvisa de cobrar a prescrição médica para antibióticos e antidepressivos, as pessoas conseguem burlar as regras e comprá-los por conta própria. Além disso, outro remédio que deveria precisar da prescrição era o anti-inflamatório por causa dos males que ele pode causar à saúde", ressalta Gustavo Menelau.

O cirurgião geral reclama ainda do hábito de pedir indicações de remédios aos farmacêuticos e observa para o fato de as pessoas muitas vezes errarem na posologia que deve ser feita do medicamento. "Apenas o médico pode dizer por quantos dias e de quantas em quantas horas o remédio deve ser ingerido", explica.

Gusvato Menelau deixa ainda o pedido: "Procurem o médico sempre que puderem. Às vezes, uma dor de cabeça não é uma simples enxaqueca".



MEDICAÇÃO NOMES GENÉRICOS INDICAÇÃO SUPERDOGAEM
ANALGÉSICO Paracetamol, Dipirona, Ácido acetilsalicílico Usado para aliviar dores leves e moderadas Expõe o fígado causando danos irreversíveis, como as hepatites
ANTITÉRMICO Paracetamol, Dipirona, Ácido acetilsalicílico Combate o aumento da temperatura do corpo. A febre acontece quando há uma infecção, inflamação ou lesão confundindo o mecanismo de controle da temperatura corporal Podem baixar, por algum tempo, o número de células de defesa no organismo, deixando-o mais vulnerável
ANTI-INFLAMATÓRIO Diclofenaco Evitam inflamações e inchaços que ocorrem por causa de uma lesão ou por doenças inflamatórias Em excesso podem causar problemas cardiovasculares, hipertensão, inchaço nas pernas e lesões gástricas
ANTIBIÓTICO Penicilinas, Cefalosporinas, Sulfas, etc Evitam que as bactérias que causaram a infecção se proliferem Pode aumentar a resistência das bactérias contra o medicamento
DESCONGESTIONANTES NASAIS Em gotas Seu uso por mais de uma semana pode gerar dependência química. Viciado, o paciente passa a usar o remédio mesmo sem estar com o congestionamento nasal
Em comprimidos Podem acarretar sintomas como ansiedade, insônia, aumento da frquência cardíaca, hipertensão e retenção urinária. Não causa dependência química.

Marília Banholzer 
Do NE10

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