Ontem, uma integrante do quadro do Corpo
de Bombeiros de Pernambuco denunciou com exclusividade à Folha de
Pernambuco algumas das irregularidades comuns na expedição de documentos
que liberam uma empresa de funcionar, mesmo que esta não respeite
muitos itens do Código de Segurança contra Incêndio e Pânico para o
Estado de Pernambuco (Coscip-PE). Segundo ela, alguns funcionários mal
intencionados cobrariam para liberar os locais.
“Há muitas empresas que ‘compram’ o
atestado. Não são poucas as que, por exemplo, estão com a mangueira
rasgada, os extintores de incêndio vencidos, mas possuem o atestado de
regularidade em dia e pendurado na parede. Há aquelas empresas que
necessitam de uma brigada de incêndio (de acordo com a atividade, a
quantidade de funcionários e o grau de risco), com pessoal treinado, mas
não possuem. Se for vasculhado, tem muita coisa errada. Isso é
revoltante, porque quando acontecem desastres, todo mundo quer achar um
culpado, mas há muita negligência e muitos erros. ‘Rola’ muito dinheiro e
troca de favores”, expõe a servidora pública, que trabalha nessa área
há quatro anos.
Segundo ela, também há muitas falhas na
legislação, o que se abrem brechas para a liberação de documento.
“Dependendo do quadro efetivo de funcionários, a empresa deve ter uma
equipe de brigada (bombeiro civil), que por sua vez deve ter um curso
com aulas práticas e teóricas. Às vezes, o bombeiro civil só compra o
certificado e mesmo sem experiência trabalha em locais, como grandes
shows. E, pior ainda, é quando há um profissional da equipe de brigada
treinado, mas não se tem instrumento ou equipamento”, adverte.
Ela lembra do incêndio que ocorreu em
janeiro de 2010 na casa de shows 100% Brasil, localizada na rua Sete de
Setembro, no Centro do Recife. “O local pegou fogo devido a um curto
circuito. E for lá hoje, está tudo do mesmo jeito, cheio de
irregularidades, mas funcionando normalmente”, afirma a profissional. A
reportagem tentou entrar em contato com os responsáveis pela casa de
shows, mas não conseguiu.
Questionado sobre denúncias de possíveis
irregularidades na emissão de atestado de irregularidade, o comandante
geral do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Eduardo Casa Nova, afirmou
que desconhece tal postura por parte dos responsáveis que fiscalizam e
que vai cobrar maior transparência. “Quem tiver alguma denúncia, seria
interessante formular por escrito, porque isso cabe um procedimento
administrativo contra o profissional que não seguir as normas”, declarou
o oficial.
Fonte: Folha-PE
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