- Chegaram cientistas para embalsamar o
comandante Chávez, e eles nos dizem que está muito difícil, porque o
processo de embalsamamento deveria ter começado imediatamente após a
morte, e que agora não se pode mais. Estamos no meio de um processo, um
processo delicado. É meu dever avisar a vocês – falou Maduro em um ato
público.
A falha no embalsamamento de Hugo Chávez
pode representar um revés na política do Estado venezuelano de
preservar o corpo do presidente, como fizeram os comunistas com Lênin,
na União Soviética, Ho Chi Minh, no Vietnã, e Mao Tsé-tung, na China. Os
chavistas têm utilizado o luto de grande parte da população para
favorecer a eleição de Maduro, o sucessor apontado por Chávez.
Segundo o governo, o presidente morreu
no dia 5 de março, mas há boatos no país de que o anúncio foi feito dias
após seu real falecimento. Autoridades venezuelanas se referem
constantemente à morte de Chávez como “desaparecimento físico”, evitando
usar os termos “morte” ou “falecimento”. Nesta quarta-feira, o
Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um minuto de silêncio em homenagem a Chávez e mencionou sua importância no combate à pobreza e melhoria de vida do povo.
Maduro pediu ao Congresso que votasse
uma alteração na Constituição para que o cadáver embalsamado de Chávez
fosse exposto no Panteão Nacional, monumento construído pelo comandante
em homenagem a Simón Bolívar. O texto prevê que apenas falecidos há mais
de 25 anos poderiam ter a honra de ocupar o espaço. Chávez já havia
declarado que queria ser enterrado em sua cidade natal, Sabaneta.
Porém, a presidente do Supremo Tribunal
de Justiça, Luisa Estella Morales, disse ontem que a emenda
constitucional não modifica a estrutura da norma, mas muda um termo
“para facilitar sua aplicação”.
- A letra da Constituição é que se
esperaria 25 anos para examinar os méritos da pessoa para ela fosse ao
Panteón Nacional, mas o presidente, em seus 58 anos, conseguiu
demonstrar méritos suficientes – disse ela.
A eleição está marcada para 14 de abril,
e Henrique Capriles será o candidato de oposição, contra Maduro.
Analistas dão como certa a vitória do escolhido por Chávez. Já Capriles
tomou uma decisão que casou nervosismo entre os apoiadores de Maduro:
batizou seu comando de campanha de Simón Bolívar. O de Maduro, claro, se
chama Hugo Chávez.
- Decidimos chamar nosso comando de
campanha de “Simón Bolívar” em honra ao nosso pai máximo, o Libertador –
disse Henry Falcón, chefe do comitê de Henrique Capriles.
Os chavistas demonstraram revolta e responderam sem citar Capriles.
- O povo de Chávez não vai deixar que um grupelho de oligarcas profane o nome do Libertador – disse Maduro.
O presidente em exercício anunciou
também que irá contratar uma equipe internacional de especialistas para
avaliar se Chávez realmente morreu de câncer ou se foi envenenado, uma
suspeita que fora levantada pelo próprio presidente quando do anúncio de
sua doença, em 2011.
- Nós iremos buscar a verdade. Temos a
intuição de que nosso comandante Chávez foi envenenado pelas forças
negras que o queriam fora de seu caminho – declarou o interino.
Segundo o governo, o próprio Henrique
Capriles, apesar de ser candidado da oposição, também pode ser alvo de
uma conspiração para assassiná-lo. Segundo Maduro, foram detectados
planos da ultradireita americana para matar o governador do estado de
Miranda. Ele ainda deu os nomes dos supostos funcionários conspiradores,
Roger Noriega e Otto Reich, dizendo que ambos trabalharam para o
governo de George W. Bush. Em 2012, Chávez também disse a Capriles que
sua vida estava em perigo.
Noriega, um ex-secretário de Bush para a América Latina, negou as acusações de Maduro.
- É uma completa falta de noção. Eles
chamam você daquilo que eles mesmos são e o acusam de fazer o que fazem.
É a forma como operam – disse o americano.
Segundo a campanha de Capriles, ele não
se inscreveu como candidato no começo dessa semana porque havia
suspeitas de ameaças contra sua vida.
Fonte: Agência O Globo
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