Em passagem pelo Recife, onde lança nesta
quinta-feira (21) seu mais novo livro, Luiz Carlos Prestes – O combate
por um partido revolucionário (1958-1990), às 19h, na sede do Conselho
Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-PE), a historiadora Anita
Leocácia, filha de Prestes com a militante Olga Benário, não esconde seu
ceticismo sobre a política atual. Para ela, as novas lideranças de
esquerda no país estão aliadas ao capital financeiro. “Não vejo uma
mudança a curto prazo para a política do país. Os movimentos sociais
ainda são muito débeis. Gosto, particularmente, da atuação do Movimento
dos Trabalhadores Sem Terra (MST), mas ele ainda não conquistou o apoio
das classes urbanas”, comentou. Ao falar sobre a nova biografia do pai,
lançada pela editora Expressão Popular, a historiadora não poupou
associações ao passado.
Numa coletiva de imprensa, realizada na manhã
desta quinta-feira, ela se mostrou frustrada em relação aos novos
partidos de esquerda. “O governador Eduardo Campos (PSB) é mais um
político burguês. Ele está fazendo de tudo para ser candidato e
presidente do Brasil. Não tem nenhum interesse com reformas populares ou
movimentos sociais. É mais um candidato, como todos”, argumentou Anita,
que também é professora de história da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). Para ela, o PT também tem sua cota, digamos, de
“traição à esquerda”. Ela cita a associação que o ex-presidente Lula
teve que fazer para chegar à Presidência da República. “Ele se
candidatou três vezes e viu que nunca ia conseguir governar sem o apoio
das classes dominantes. Então, fez toda aquela mudança de marketing que a
gente conhece.
O amigo dele (o ex-ministro José Dirceu, condenado no
escândalo do mensalão) vivia em Washington durante a campanha que ele
saiu vitorioso. Com Lula, o trabalhador se acostumou a receber
migalhas”, alfinetou. A historiadora, ao falar da esquerda, também saiu
em defesa da memória do pai. Aliás, a trajetória de Luiz Carlos Prestes
é carregada de episódios contraditórios. Ela cita os manuais de
história do Brasil, lidos e relidos em bancos escolares. “Todos optam
pelo esquecimento. Se não esquecem, atacam”, defendeu. Anita discorda da
versão sobre o possível apoio de Prestes ao então presidente Getúlio
Vargas, durante o Estado Novo. Ela defende que o pai apoiou o líder
trabalhista, mas que “não apertou a mão dele”.
O fato chama a atenção
porque Anita, filha de Olga e Prestes, perdeu a mãe justamente após uma
decisão de Vargas de enviar a militante a um campo de concentração em
outubro de 1936. Uma espécie de “presente” aos nazistas. “Meu pai nunca
concordou com Getúlio politicamente. Ele apenas previa que o fascismo ia
cair e viu Getúlio se aproximar das forças democráticas. Tanto é assim
que depois do fim da 2º Guerra Mundial, Getúlio caiu mas autorizou o
funcionamento do Partido Comunista (PCB).
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