O oftalmologista Thiago Pacini não se
surpreende com os dados, ele explica que a doença é difícil de
diagnosticar e de ser entendida pelo paciente. A prevenção e o
acompanhamento são fundamentais para que a doença seja controlada e o
paciente não perca a visão. “O tratamento do glaucoma é caro e diário e
pode ter efeitos colaterais. O uso do colírio pode deixar o olho
vermelho, pigmentar a pele, criando olheiras e até mesmo pigmentar o
olho. Como não sentem nada, os pacientes param de usar os colírios e
isso é um grande problema. O tratamento é algo que deve ser feito até o
fim da vida e do qual não se pode abrir mão”.
A pesquisa mostra também que 30% dos
americanos não sabiam porque usavam as medicações e 45% não sabiam os
valores considerados normais de pressão intraocular. Entre os
brasileiros, mais da metade, 54%, desconheciam o porquê do uso dos
medicamentos e 80% não sabiam os valores adequados da pressão do olho.
O glaucoma ocorre quando a pressão
elevada no interior do olho, no decorrer de alguns anos, danifica as
fibras nervosas do nervo óptico. Se não tratada a tempo, o glaucoma pode
causar cegueira. A doença não tem cura, mas pode ser controlada com
tratamento adequado e contínuo. De acordo com a Associação Brasileira
dos Amigos, Familiares e Portadores do Glaucoma, no Brasil, 1 milhão de
pessoas são portadoras do glaucoma. A doença é silenciosa, em 80% dos
casos não apresenta sintomas no estágio inicial.
Pacini reforça a necessidade de
acompanhamento desde cedo. “Criança tem que ir no médico. Com 1 ano tem
que levar no oftalmologista e saber se tem algum fator de risco. Aqueles
que apresentarem algum desses fatores devem ir ao médico pelo menos uma
vez por ano para medir a pressão intraocular, avaliar o nervo óptico e
se tiver alguma alteração, fazer exames para identificar já no estágio
inicial”.
Os fatores de risco do glaucoma são
idade a partir dos 40 anos, hipertensão arterial, miopia elevada, raça
negra e hereditariedade. Os tratamentos atualmente são diversos, podendo
ser feitos por meio de comprimidos, colírio, lasers ou cirurgias.
Segundo o Ministério da Saúde, 95% dos tratamentos de glaucoma são
feitos em regime ambulatorial, com uso de colírio.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece
tratamento integral à doença desde 2011, quando o Ministério da Saúde
passou a distribuir colírios para o combate ao glaucoma. Um colírio não
genérico custa em média R$ 100.
O glaucoma é a segunda causa de cegueira
no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O portador que
não trata a doença começa perdendo a visão periférica. Os danos causados
aos nervos não são reversíveis. O arquiteto e urbanista Renato Barbato
perdeu a visão por causa da doença. Apesar de ter sido diagnosticado
cedo, aos 15 anos, o tipo de glaucoma era grave. Ao todo, ele passou por
cerca de doze cirurgias, até que, já com mais de 40 anos, perdeu a
visão.
Barbato sempre estudou muito o glaucoma e
tirava as dúvidas que tinha com os médicos. Ele fez o tratamento e
conseguiu retardar a cegueira. “Tem que cuidar, não desanimar, fazer o
que os médicos mandam. Evitar cigarro e bebidas. E não ter a ilusão de
que volta, o que perder não volta mais”, recomenda para quem tiver a
doença.
Fonte: Folha-PE
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