Em todo o mundo, seis milhões de pessoas
morrem por ano vítimas do cigarro. Só no Brasil 130 mil morrem em
decorrência de doenças relacionadas ao tabagismo, ou seja, 13% das
mortes no País. Nesta sexta-feira (31), em que se comemora o Dia Mundial
sem Tabaco, o psiquiatra Thiago Fidalgo, coordenador do setor de
adultos e adolescentes do Proad (Programa de Orientação a Atendimento a
Dependentes) da Unifesp afirma que, ao lado da heroína e do crack, o
tabaco é uma das drogas com maior potencial de causar dependência.
Além disso, o médico afirma que o
tratamento é um dos mais difíceis. A duração média é de três a quatro
meses, mas a vigilância deve ser mantida a vida toda.
— O índice de recaídas é altíssimo. As
taxas de sucesso, usando medicação, terapia e grupo de apoio, são de
50%. Nosso objetivo é ajudar a pessoa em seu esforço para abandonar o
vício.
Doenças
De acordo com pneumologista e professor da Unifesp, José Jardim, existem mais de 50 doenças relacionadas ao cigarro.
— Sabemos que o tabagismo é a principal
causa dos problemas respiratórios, chegando a causar danos irreversíveis
no tecido pulmonar em 45% dos casos. O cigarro é sempre o vilão, seja
causando doenças pelas suas próprias substâncias, como a DPOC (Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou baixando a imunidade do fumante,
permitindo, assim, que a pessoa contraia tuberculose, infecções
pulmonares, fibrose pulmonar, entre outras.
A DPOC é uma doença de evolução
progressiva e que engloba a bronquite e o enfisema pulmonar. Ela se
desenvolve a partir da exposição prolongada dos brônquios (estrutura que
leva o ar para dentro dos pulmões) às substâncias tóxicas contidas em
fumaças. Em 80% dos casos, a fumaça do cigarro é a principal causa. No
Brasil, cerca de cinco milhões de sofrem de DPOC no Brasil, sendo a 5ª
causa de morte no País, com 35 mil por ano.
— Atualmente, sabemos que existem 4.720
substâncias no cigarro, das quais cerca de 60 são cancerígenas. Inalar
essa fumaça não causa somente problemas respiratórios, mas aumenta o
desenvolvimento de vários tipos de câncer como o de mama.
Ainda de acordo com o especialista, o
cigarro também influencia a vida social e até profissional dos fumantes,
já que são proibidos de fumar em locais fechados, precisam interromper
seu trabalho para procurar um espaço aberto, diminuindo sua
produtividade e concentração. Nas horas de lazer, a pessoa precisa se
afastar e procurar os “fumódromos”, ou, muitas vezes, ir até a rua,
atrapalhando o convívio com aqueles que não fumam.
Fumante passivo pode ter câncer
Os fumantes passivos também sofrem as
consequências do tabagismo, de acordo com Fidalgo. Elas podem
desenvolver câncer ou ter infarto.
— Embora todos saibam que a nicotina
deve ser evitada durante a gravidez, os maiores riscos para o bebê em
desenvolvimento continuam sendo os associados ao tabagismo. Existem
diversas pesquisas que comprovam, por exemplo, a associação do fumo e do
fumo passivo durante a gestação com o desenvolvimento de TDAH
(Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) na criança que
ainda vai nascer.
Pesquisas de consumo revelam que as
variações na forma de embalagem, tamanho e método de abertura do maço do
cigarro influenciam o aumento das vendas. Para o médico, a indústria
deveria expor os danos causados pelo tabaco com mais eficácia. Segundo o
psiquiatra, a estratégia gradual (reduzir o número de cigarros
consumidos por dia) não deve durar mais de duas semanas.
— O mais importante é marcar uma data
para que seja seu primeiro dia de ex-fumante. Existem outros métodos que
podem ser tomados. O ideal é sempre procurar ajuda de um especialista.
Fonte: R7