Motoboys que trabalham transportando
cargas afirmam estar com dúvidas sobre as novas regras do Conselho
Nacional de Trânsito (Contran). Eles ameaçam fazer protestos na capital
pernambucana, nesta terça (2), a fim de exigir mais tempo para se
adequarem às exigências. Apesar disso, muitos já estão cumprindo as
normas para continuar trabalhando sem problemas. É o caso do motoboy
Clériston Oscar, que passou a usar colete com sinalização, proteção para
joelhos e cotovelos. A habilitação está correta – categoria A há mais
de dois anos – e ele também fez os cursos para quem trabalha com
produtos perigosos e de motofretistas, como são chamados os motoboys que
transportam cargas de qualquer tipo: gás, água, lanche, documentos,
remédios.
“Antes de a lei vigorar, já estou
preparado. É um pouco difícil o costume com os equipamentos, mas, para a
nossa própria segurança, é bem melhor”, disse Clériston Oscar.
No entanto, entre os motofretistas, a
dúvida mais comum trata de quem deve seguir a nova legislação. De acordo
com o Detran, a lei vale para todos que trabalham com transporte de
carga, ou seja, funcionários de pizzarias, restaurantes, farmácias,
cartórios, autopeças, laboratórios de análises clínicas, distribuidoras
de bebidas – incluindo água mineral e gás de cozinha. Só estão
dispensados os servidores de instituições públicas.
“O funcionário público é um profissional
que exerce essa atividade com a motocicleta, ele não é um motofretista.
Agora, se for uma empresa terceirizada, que presta um serviço de
motofrete para esta instituição, então esse profissional terceirizado
necessita se regulamentar”, afirmou o diretor de operações do Detran,
Celivaldo Lira.
O diretor de operações do Detran ainda
explica que houve uma mudança na legislação em relação ao carregamento
de cargas. Agora, o transporte de gás de cozinha e água mineral não pode
ser feito nos carrinhos de reboque, mas apenas no sidecar, termo em inglês para o veículo instalado na lateral da moto.
Ainda de acordo com Celivaldo Lira, está
proibido o uso de grades plásticas na motocicleta, suportes de ferro e
mochilas comuns ou adaptadas com isopor, como usam algumas empresas que
entregam lanches. “O semirreboque pode ser utilizado, mas para
transportar outro tipo de mercadoria. O bujão de gás é exclusividade do sidecar“, disse o diretor do Detran.
Dono de uma distribuidora de gás de
cozinha no Recife, Nilton Moura investiu cerca de R$ 40 mil para comprar
os reboques para o transporte dos botijões e mudar as placas, que agora
devem ser vermelhas com letras brancas, da categoria de aluguel. Sem
contar com o pagamento do IPVA. “No site do Detran, [informava] que a
gente poderia transportar o gás ou semirreboque ou sidecar, mas
depois fizeram uma emenda, não sei como fizeram isso, mudaram. Eu vou
fechar as portas, fazer acordo com os funcionários e vou ver se recupero
o dinheiro do reboque, os R$ 40 mil que eu gastei com emplacamento, com
frete”, lamentou.
Quem trabalha com a venda dos reboques
tem reclamado da queda nas vendas. “Sai uma matéria que pode trabalhar,
depois sai outra dizendo que não pode, então as vendas caíram muito com
isso. Ficou uma preocupação tanto com a empresa que investiu, colocou
filial aqui e tudo, como pra quem comprou, gastou e investiu seu
dinheiro, seu capital, e hoje tá com essa preocupação, se vai poder
trabalhar ou não, né?”, argumentou o representante comercial José Carlos
Castorino.
Fonte: G1 PE
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