O tipo de luz emitida por esses
dispositivos, segundo Czeisler, é especialmente prejudicial à indução
natural do sono, associada aos chamados ciclos circadianos. E em um
mundo em que as pessoas já dormem tradicionalmente pouco, e mal, isso
pode ser um problema sério para a saúde. Várias pesquisas publicadas nos
últimos anos revelam uma forte ligação entre privação de sono e a
ocorrência de doenças como obesidade, diabete, problemas
cardiovasculares, enfraquecimento do sistema imunológico e até câncer.
“O sono é essencial para a nossa saúde física e mental. Por isso é vital que aprendamos mais sobre o impacto do consumo de luz e outras formas pelas quais nosso ‘modo de vida 24 horas’ afeta o sono, os ritmos circadianos e a saúde”, afirma Czeisler.
“O sono é essencial para a nossa saúde física e mental. Por isso é vital que aprendamos mais sobre o impacto do consumo de luz e outras formas pelas quais nosso ‘modo de vida 24 horas’ afeta o sono, os ritmos circadianos e a saúde”, afirma Czeisler.
O “relógio biológico” do organismo é
naturalmente controlado pela exposição à luz. Quando a única fonte de
luz era o Sol, esse controle era simples: ou era dia ou era noite. Desde
que a luz elétrica foi inventada, porém, criou-se uma área cinzenta –
ou de penumbra – cada vez maior entre esses dois períodos, que desregula
toda a fisiologia do organismo associada aos estados de alerta e sono.
“A exposição à luminosidade no período
da noite interfere na liberação de melatonina, que é o hormônio que faz a
gente ter vontade de dormir”, diz a neurologista Anna Karla Smith, do
Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo ela, há sensores na retina dos olhos que, quando expostos à luz,
bloqueiam a liberação do hormônio.
“O resultado é que muita gente continua
checando e-mails, fazendo lição de casa ou vendo TV até tarde sem nem se
dar conta de que já está no meio da noite”, diz Czeisler na Nature.
O fator complicador dos tablets,
smartphones, laptops e outros gadgets luminosos, segundo ele, é que a
luz do tipo LED usada para iluminar suas telas é rica em radiação azul
(de menor comprimento de onda), que interfere muito mais nos ciclos
circadianos do que a radiação vermelha ou laranja (de maior comprimento
de onda), que prevalece nas lâmpadas incandescentes e na luz natural do
entardecer – que inicia a liberação de melatonina.
O período mínimo de sono recomendado
pelos médicos é de sete a nove horas por dia. Nos Estados Unidos, porém,
cerca de 30% das pessoas empregadas dormem menos do que seis horas,
segundo dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA,
citados pela Nature.
Na cidade de São Paulo, a população
dorme em média seis horas e meia por dia, segundo pesquisa realizada em
2007 pelo Instituto do Sono da Unifesp (a mais recente disponível).
Quase 80% dos paulistanos sofrem de algum distúrbio do sono e mais de
45% têm dificuldade para dormir.
Diferença
Para a publicitária Nicole Bichueti, de
31 anos, a impressão é de que o tablet causa mais insônia do que o
smartphones. “Em casa, uso para ler textos extensos, mas evito fazer
isso antes de dormir, pois me tira o sono”, afirma. “Já com o celular,
no qual acesso as redes sociais, costumo ficar até antes de dormir e
sinto pouca diferença.”
Ela afirma, porém, que quando precisa de
boas horas de sono deixa o celular de lado. “Se estou cansada e preciso
realmente dormir, nem olho o telefone para não cair em tentação.” As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Agência Estado
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