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O estudo, feito pelo Centro Brasileiro
de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp, constatou
que um simples gole ou experimentação de qualquer bebida alcoólica
feita por crianças menores de 12 anos aumenta em 60% as chances delas,
quando adolescentes, consumirem álcool abusivamente. “O contato que a
criança tem com bebidas na infância pode não gerar apenas um adolescente
que ocasionalmente fica de porre. Ela pode acabar adquirindo o padrão
abusivo de consumo de álcool”, afirma Zila Sanchez, professora do
Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, uma das pesquisadoras
responsáveis pelo estudo.
A pesquisa também constatou que, dentre
os estudantes que afirmaram ter consumido algum tipo de bebida alcoólica
na vida (82% dos entrevistados), 11% experimentaram antes dos 12 anos.
Para a nutricionista Camila Leonel, o consumo precoce tem um impacto
claro na saúde do jovem. “O álcool causa modificações neuroquímicas, com
prejuízos na memória, aprendizado e controle dos impulsos. O sistema
nervoso dos menores ainda está em desenvolvimento”, afirma.
E para evitar o contato inicial com a
bebida não basta apenas que os pais proíbam o acesso ao álcool, segundo
Ilana Pinsky, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudo de
Álcool e Drogas (Abead). “Se os pais têm o hábito de beber todos os dias
para relaxar, por exemplo, não adianta conversar muito sobre como beber
de forma responsável”, diz ela.
Ilana critica a “enorme” quantidade de
bebidas que há dentro dos lares de muitos brasileiros. “Os pais têm de
ter cuidado com os bares que ficam dentro das próprias casas, para que
as crianças não tenham acesso a eles”, diz. Na casa da empresária
Cláudia Silva, que tem uma filha menor de idade, não há esse risco.
“Aqui em casa é zero álcool. Nada disso de dar só um golinho para
experimentar”, diz a mãe.
PROPAGANDA – Mesmo com o
controle dos pais, há outros fatores que podem influenciar a entrada
precoce do álcool na vida dos menores. “A propaganda de cerveja na
televisão, mesmo não sendo direcionada à criança, influencia o consumo.
Ela acaba se associando com atividades esportivas, coisas que o
adolescente gosta”, afirma Edgard Rebouças, coordenador do Observatório
da Mídia, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e conselheiro
do Instituto Alana.
Segundo a Ambev, uma das maiores
empresas de bebidas do mundo, o consumo de bebidas por menores é algo
que a marca quer evitar. “Esse lucro não nos interessa. Fazemos de tudo
para que essa relação do menor com a bebida não aconteça”, diz Ricardo
Rolim, diretor de relações socioambientais da Ambev. Ele cita programas
da empresa, como o Jovem Responsa, que, em parceria com 21 ONGs de todo o
País, já levou orientações de consumo consciente a mais de 57 mil
jovens direta e indiretamente.
Para Betânia Gomes, que pesquisou o tema
na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo
(USP), faltam políticas públicas mais efetivas sobre a questão.
“Precisamos de mais iniciativas oficiais de promoção e campanhas
educativas para que esses meninos e meninas não comecem a beber tão
cedo”, diz a pesquisadora.
Fonte: JC Online
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