Foto: Carlos Nogueira / Jornal A Tribuna |
A forte chuva que atingiu a cidade de
Cubatão (SP) no último dia 22 levou mais do que móveis e roupas do
pedreiro José Damião Sobrinho, de 57 anos. O sonho de voltar para a
cidade natal foi adiado pela enxurrada que levou todo o dinheiro que o
homem guardava para retornar para Pesqueira. Passados 10 dias, o homem
continua procurando uma sacola com R$ 2.700 em meio aos escombros.
A economia conquistada após meses de
trabalho desapareceu, assim como casas e móveis de centenas de pessoas
que foram vítimas da tempestade que castigou, principalmente, os
moradores dos bairros Pilões e Água Fria, localizados ao lado do rio
Pilões, que transbordou devido à chuva.
José Damião é morador do bairro Água
Fria. Ele conta que a água invadiu a própria casa destruindo tudo. “Eu
guardava o meu dinheiro, R$ 2.700, em uma sacola dentro de uma cômoda,
mas a água cobriu esse móvel, tudo boiou. Eu cheguei a encontrar papéis
meus até no quintal de casa, mas o saco com o dinheiro eu não achei”,
lamenta o pedreiro.
Ele conta que juntou esse dinheiro
trabalhando por meses como pedreiro. O objetivo era voltar para
Pernambuco em junho deste ano. “Queria voltar para o São João. Lá tenho
amigos e famílias. Com um pouco de dinheiro eu consigo erguer um barraco
para morar. Era para isso que eu guardava dinheiro. Agora não tenho nem
dinheiro para a passagem”, afirma José.
O pedreiro, que tem ex-mulher e filhos
em Cubatão, afirma não querer mais morar no município, porque na cidade
ele não tem uma casa própria. “Quando me separei minha ex-mulher ficou
com o pouco que eu tinha. Meus filhos não podem me ajudar porque também
perderam tudo com a enchente. Troquei uma casa em São Paulo por esse
terreno na Água Fria, mas não sabia que era uma área invadida”, diz.
José Damião não perdeu apenas o
dinheiro. Ele tinha mercadorias que levaria para vender em Pesqueira.
“Eu tinha sacos de roupas para vender, mas a lama estragou tudo. Cheguei
a lavar as roupas três vezes, mas não tem mais jeito, ficaram
manchadas”, conta. Aos prantos, o pedreiro relata os momentos de
desespero que viveu. “Fiquei procurando tudo que perdi em torno da casa.
Até caí na água e perdi a minha dentadura”, lamenta.
Ele conta que chegou a receber um apoio
da prefeitura de Pesqueira, que se comoveu com a história. “Ficaram de
me ajudar com a passagem pelo menos, mas até agora não recebi nada. Fui
até a assistência social de Cubatão também. Não sei como ainda, mas vou
voltar para Pesqueira de qualquer jeito. Tenho fé que vou voltar se Deus
quiser”, diz.
O homem, que sempre guardou o dinheiro
em casa, diz que nunca teve uma conta no banco, mas que agora está
tentando abrir uma para receber um auxílio. “Nunca tive conta no banco,
porque o que eu ganho é para ajudar a família e me manter. Agora estou
tentando abrir uma conta pela primeira vez na vida, mas não consigo
porque não tenho comprovante de residência”, afirma.
José Damião vai continuar tentando abrir
uma conta no banco, utilizando outros documentos pessoais. Enquanto
isso, ele segue vivendo com a ex-mulher e os filhos até que a situação
melhore. Apesar de tudo, ele mantém ainda a esperança de passar o São
João com os amigos em Pesqueira.
Do G1 PE
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