segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Cisternas de polietileno chegam ao Agreste Pernambucano

Cisterna de Polietileno em Alagoinha
As cisternas de polietileno, conhecidas popularmente também como cisternas de plástico são uma das alternativas propostas para alcançar a meta de universalização do acesso à água no âmbito do Programa Água para Todos, do Governo Federal.

O equipamento tem sido instalado em todo o semiárido brasileiro, e agora chegaram a Alagoinha-PE e região. Com um custo elevado, sendo praticamente o dobro do valor, se comparado às cisternas de placas construídas pelas organizações da ASA, as cisternas de polietileno são consideradas um retrocesso para a sociedade civil organizada e movimentos sociais, que há anos lutam pela implementação de tecnologias sustentáveis para a região semiárida, conforme questionou Arley Gomes, coordenador de projetos da Diocese de Pesqueira na região: “A cisterna de polietileno é uma tecnologia que chega que a gente não tem a certeza de que trará um benefício concreto e duradouro
para as comunidades. Quando nós fazemos um comparativo com a cisterna de placa, existe uma diferença muito grande na questão de orçamento".

Números oficiais apontam que cada cisterna de polietileno tem custo total (equipamento e instalação) de R$ 5.090, ou seja, mais que o dobro da cisterna de placas de cimento que, segundo a ASA, sai por aproximadamente R$ 2.200. Levando em conta os dados apresentados, enquanto as 300 mil cisternas de polietileno vão custar R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos, se a tecnologia utilizada fosse a de placas, esse valor seria de R$ 660 milhões.

A opção da cisterna de polietileno também virou alvo de reclamações e protestos um grande quantitativo das novas cisternas tiveram que ser substituídas depois de apresentarem deformações, em menos de três meses de uso, conforme declarou o beneficiário Eduardo Alves proprietário de uma cisterna polietileno de há aproximadamente um mês no Sítio Sete Baraúnas, em Alagoinha: “Eu noto que está começando a engelhar embaixo".

Além disso, não existe a valorização da mão-de-obra local no processo de implementação da cisterna de polietileno, diferentemente da cisterna de placa, que atua com a tecnologia social, onde o próprio beneficiário da cisterna participa ativamente de todo processo de construção e capacitações requeridas, o que fortelece os movimentos sociais e a busca por novas políticas públicas mais adequadas ao homem do campo. “Na questão da mobilização a comunidade participa ativamente de todo processo da formação, capacitação, da construção. É uma forma de a gente estar fortalecendo as
comunidades que a gente atua”, apoiou Arley Gomes.

Em Alagoinha, várias associações de moradores aderiram às cisternas de polietileno visando o benefício imediato, porém, alguns representantes da comunidade que já conhecem os benefícios da cisterna de placa rejeitam o equipamento, como Lúcia Galindo, presidente da Associação de Moradores do Sítio Prazeres. “Eu não aceito enquanto eu for presidente. O que eu passo para os associados é que esperem a cisterna de placa”, disse Lúcia, lembrando ainda da geração de renda para a comunidade com implementação da cisterna de placa, bem como a formação profissional no caso da função de pedreiro, uma vez que a capacitação de mão-de-obra geralmente ocorre na
própria comunidade.


Adriana Leal
Comunicadora Popular
Diocese de Pesqueira/Cáritas Diocesana

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