O socialista tem intercalado declarações
críticas ao governo federal com momentos em que recolhe as armas. Nas
duas recentes ocasiões em que Dilma participou de eventos no Nordeste
nos quais o governador também esteve, no fim de março e no início deste
mês, por exemplo, o presidente do PSB evitou o confronto. Mas nesta
terça-feira, reassumiu a postura de candidato.
Apesar de todos os presentes no almoço —
incluindo dilmistas convictos, como o senador Gim Argello (PTB-DF), e o
presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM) — terem
saído do encontro com a certeza de que o socialista concorrerá à
Presidência no ano que vem, em nenhum momento Eduardo Campos confirmou a
intenção de disputar o Planalto em 2014. O governador de Pernambuco e
presidente do PSB disse que apenas está estimulando o “debate” político.
A base aliada, no entanto, não compra essa versão e vê em todos os
movimentos do socialista costuras políticas para 2014. “Eduardo Campos
só começou a aparecer para criticar a economia. Com a retomada do
crescimento e o controle da inflação, ele ficará sem discurso para
apresentar ao eleitorado”, disparou um deputado da base governista.
A pauta econômica, aliás, é o mote de
Eduardo Campos. Ontem, ele lembrou que o país tem enfrentado
dificuldades para obter crédito no exterior, e que o cenário ficou ainda
pior depois que Dilma Rousseff alterou as regras nos contratos de
energia. O governador socialista citou que uma empreiteira tentou
levantar R$ 1 bilhão no exterior, mas os investidores negaram, alegando
que haviam financiado projetos da Petrobras e das empresas de Eike
Batista e que viram o “dinheiro virar pó”.
Um dos presentes no almoço reconhece que
o governador pernambucano é sedutor nos argumentos e estudou na mesma
escola política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele bate no
seu ombro, elogia os trabalhos que você faz como parlamentar e lembra
histórias vividas ao lado do avô (Miguel Arraes)”, contou um senador.
Em um determinado momento do almoço,
feito na liderança do PTB no Senado, Alfredo Nascimento perguntou: “O
senhor é candidato?”. Eduardo despistou e disse que não era o momento de
falar nisso. “Quem controla o nosso relógio somos nós. Ninguém vai
dizer a hora em que devemos definir os nossos passos”, afirmou,
completando que se sente como “um aliado do Planalto debatendo questões
importantes para o país”.
Na conversa com os parlamentares, Eduardo Campos destacou que o país precisa avançar em diversos setores, como saúde, educação e segurança. Na saída do almoço, defendeu a importância de o governo tomar medidas que retomem o nível de crescimento do país. “Os primeiros três meses poderiam ter sido muito melhores do que foram.” Campos afirmou que o país precisa manter o tripé econômico que garantiu a confiança dos investidores internacionais, e que não seria um desastre se o Banco Central aumentar hoje a taxa de juros básicos da economia.
À noite, Eduardo participou de um jantar oferecido pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), com a presença dos dissidentes do PMDB e de parlamentares de outras legendas, como Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT) e Ana Amélia (PP-RS).
Fonte: Diario de PE
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