O prepotente é aquele indivíduo que abusa do poder. É quem, em vez de comandar com isenção e competência, utiliza a força, o arbítrio, a coação, a perseguição. É o inverso do líder. Uma imitação de gente que vive infelicitando a vida dos humildes, prejudicando deliberadamente os pequenos, humilhando os necessitados, hostilizando os pobres. Adepto fervoroso do direito da força, ele é um intolerante crônico.
Incompetente, complexado, invejoso, ele nutre ódio contra os homens livres, que não se dobram diante de perseguições nem se vendem por trinta dinheiros. Uma marca registrada deste ser asqueroso é a delação. Vê um subversivo em cada pessoa independente. Difere do puxa-saco porque tem consciência de sua própria fraqueza e é revoltado consigo. Por isso, descarrega seu ódio sobre os humildes – pois tem certeza de que não haverá retaliação.
Com um mau humor constante, ele é repudiado até pelas crianças. O povo nunca perdoa os prepotentes. A história está cheia de exemplos:Hitler, Mussolini, Fulgêncio Batista, Somoza… Só que esses fazem parte da história. Os prepotentes medíocres, provincianos, mixurucas, esses – coitados – ficam relegados ao mais absoluto esquecimento. Muitos deles, quando morrem, dão um trabalhão danado àfamília: não há ninguém que queira levar o caixão. Chegam ao fim da vida como sempre viveram: sem amigos.
Publicado no Nova Era em 14 de agosto de 1983
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