Se olharmos para a história das mulheres sertanejas se percebe que deixaram de
ser tratadas como as viúvas da seca para serem reconhecidas como trabalhadoras
rurais. Essa conquista ainda é pouco se compararmos as dificuldades que as
mulheres enfrentam na convivência com o semiárido. Essas questões foram
discutidas nesta segunda-feira (04) no painel “Os impactos da seca na vida das
mulheres”, do Seminário Mulheres Tecendo um Nordeste Solidário, promovido
pela Casa da Mulher do Nordeste.
Neilda Pereira, coordenadora executiva da ASA–PE, destacou a importância das
organizações de mulheres na construção de políticas públicas para a convivência
do semiárido. “Quantas mulheres tem desenvolvido a construção de cisternas?
Quantas estão no dia-a-dia enfrentando os problemas que a seca trás, com o
cuidado com a casa, com a família? Somos lideranças e pessoas que podem
contribuir para uma consolidação de uma política nacional de convivência com o
semiárido”. Para ela um dos desafios é garantir e fortalecer as experiências e o
trabalho das organizações de mulheres.
As sertanejas também enfrentam dificuldades no acesso a água para os animais
e cuidados domésticos. “Somos as primeiras a sofrer com a seca, porque os
homens saem de casa a procura de emprego, e ficamos com a responsabilidade
de cuidar da casa e dos animais. Há mulheres que acordam de 4h da manhã
para procurar um lugar para lavar a roupa, e quando acham um açude é de
propriedade de homem”, revelou Josevânia Ribeiro, diretora do Sindicato dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de São José do Belmonte. Em abril foi
decretado situação de emergências em vários municípios do Sertão, depois de
7 meses é que a Companhia Nacional de Abastecimento entregou milho para as
famílias alimentarem os animais.
Para Cristina Buarque, secretária da Mulher de Pernambuco, para diminuir
os impactos que a seca provoca na vida das mulheres é preciso construir
institucionalidades. “Nós da secretaria estamos participando do grupo da seca
para dar visibilidade às questões das mulheres, a bolsa estiagem, por exemplo,
foi uma conquista de muito trabalho e diálogo. Neste Nordeste Solidário,
precisamos construir essa relação com o semiárido, através de institucionalidades
e da força das organizações de mulheres”, disse.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Casa da Mulher do Nordeste
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