Duas bombas caseiras poderosas
explodiram na linha de chegada da maratona, no centro da cidade
americana. O FBI assumiu a chefia da investigação, mas afirmou que ainda
não tem ideia da autoria ou da motivação do ataque, que foi
classificado como um “ato de terror” pelo presidente americano Barack
Obama.
Segundo os ministérios brasileiros, por
enquanto, não haverá mudança no planejamento feito para os grandes
eventos esportivos que serão realizados no país, pois, na avaliação do
governo, o que está previsto “segue no caminho certo”. Mas haverá
reforço na preparação, na inteligência e na prevenção de incidentes com
explosivos ou envolvendo grupos extremistas.
“Será mais um motivo para nos
preocuparmos, ficarmos em alerta”, diz o general José Carlos de Nardi,
chefe do Estado-Maior conjunto do Ministério da Defesa e que comanda
Marinha, Aeronáutica e Exército. Na avaliação dos militares, porém, “o
risco de algo ocorrer no Brasil é menor”, devido às relações de amizade
que o Brasil possui com os mais diversos países.
“O que ocorreu em Boston
foi lamentável e um fator de preocupação, por isso estamos acompanhando
bem de perto o andamento das investigações do FBI. A Agência Brasileira
de Inteligência (Abin) analisa vários fatores e, atualmente, o risco de
um atentado durante a Copa das Confederações é baixo, mas isso pode
variar a qualquer momento, dependendo dos acontecimentos”, diz José
Monteiro, diretor de operações da Secretaria Extraordinária de Segurança
para os Grandes Eventos (Sesge).
A pasta, subordinada ao Ministério da
Justiça, coordena a interação entre órgãos de segurança pública
estaduais, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal com o Ministério
da Defesa e a Abin. “O plano estratégico do governo dividiu a segurança
em três eixos: ameaças externas, proteção de portos, aeroportos e
fronteiras, e ameaças internas. Com isso, conseguimos ter uma visão
transversal em tempo real de qualquer atividade extremista que possa
estar se movimentando”, acrescenta Monteiro.
“Tomaremos ações para mitigar riscos ao
máximo. Com informações de vários países, estamos construindo um banco
de dados de suspeitos. Haverá reforço na fronteira e estamos adquirindo
tecnologias que permitirão monitorar em tempo real comitivas, hotéis,
estádios. Faremos vistorias em busca de explosivos em estádios e locais
que abrigarão delegações. Temos grupos policiais em todos os estados
prontos para isso”, disse.
Divisão de tarefas
Em 4 fevereiro, um acordo entre os dois ministérios definiu quais seriam as responsabilidades dos ministérios da Justiça e da Defesa durante a Copa das Confederações, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas, de 2016. Pelo documento, a coordenação de medidas ligadas ao terrorismo ficará com o Exército, que também será responsável pelo contraterrorismo, segundo o Ministério da Defesa. Já a PF, com apoio da Abin, cuidará do antiterrorismo.
Em 4 fevereiro, um acordo entre os dois ministérios definiu quais seriam as responsabilidades dos ministérios da Justiça e da Defesa durante a Copa das Confederações, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas, de 2016. Pelo documento, a coordenação de medidas ligadas ao terrorismo ficará com o Exército, que também será responsável pelo contraterrorismo, segundo o Ministério da Defesa. Já a PF, com apoio da Abin, cuidará do antiterrorismo.
Conforme a estratégia, polícias
militares e civis dos Estados não atuarão especificamente em
antiterrorismo e contraterrorismo, podendo colaborar, entretanto, caso
tenham informações relevantes sobre o tema ou sejam acionadas pela
coordenação.
A Revista Brasileira de Inteligência
define antiterrorismo como medidas preventivas e defensivas para
investigar, conseguir informações de inteligência e identificar
possíveis vulnerabilidades que facilitem atentados. Já o
contraterrorismo define as medidas ofensivas, como ataques pontuais a
grupos inimigos, com objetivo de prevenir, dissuadir ou retaliar seus
atos.
“Em que pese o Brasil ser um país
pacífico, terrorismo é um assunto que precisa ser visto com seriedade e
responsabilidade”, disse ao G1, em maio do ano passado, o general Mario Lucio Alves de Araujo, do Estado Maior do Exército.
Até a definição do governo, havia nos
bastidores uma disputa em relação a quem caberiam as responsabilidades
de coordenar ações contra terror, por conta do repasse de recursos.
Desde que houve a definição, a Brigada
de Operações Especiais (BdaOpEsp), unidade de elite do Exército, começou
um “mutirão” para treinar seus profissionais e passou a ter maior
autonomia, passando a ser chamada de Comando de Operações Especiais
(COE).
Segundo o Ministério da Defesa, a
unidade, que até então contava com um grupo reduzido para ações deste
tipo, formará profissionais para empregar nas seis cidades que sediarão a
Copa das Confederações e nas 12 sedes da Copa do Mundo.
Na reunião que selou o acordo, em
fevereiro, o comandante da BdaOpEsp, general Marco Antonio Freire Gomes,
mostrou aos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e ao Ministro
da Defesa, Celso Amorim, o plano contra terrorismo da Copa das
Confederações. “(os militares) Serão responsáveis pelo monitoramento e
por ações contra terroristas que porventura venham a ocorrer no âmbito
das competições”, disse ele na ocasião, segundo o Ministério da Defesa.
Em 2012, o Ministério da Justiça
patrocinou 20 cursos para preparar policiais para os grandes eventos,
investindo R$ 17 milhões. Dois deles, realizados em parceria com a
Embaixada dos Estados Unidos, foram para pronta-resposta a atos
terroristas e tiveram a presença de 89 policiais militares e civis e
bombeiros dos estados que serão sede da Copa das Confederações e da Copa
do Mundo. A pasta diz que os cursos foram feitos antes da definição de
que terrorismo ficará sob responsabilidade do Exército, mas que o
aprendizado é para prevenção, que é responsabilidade da segurança
pública.
Apesar de polícias de vários Estados
realizarem simulações e treinamentos para resposta a ataques
terroristas, há consenso entre todos de que deve haver integração e
trabalho conjunto. O que mais se ouve é que “a coordenação” é que ficará
com o Exército, mas as tropas policiais especializadas serão empregadas
em conjunto.
“Tem coisa para todo mundo fazer. O
Exército não tem tropa de terrorismo para colocar em todas estações de
metrô, estádios, hotéis de delegações, pontos de preocupação. A
coordenação é nossa, mas as atividades serão compartilhadas por setores
de interesse e de incumbência”, disse ao G1 um oficial que atua no setor.
“Não acredito que vá haver disputa. As
atribuições de cada órgão estão bem definidas, é um planejamento e um
trabalho integrado. O que há é que setores possuem a coordenação de um
ministério ou de outro. Os órgãos de segurança pública e as Forças
Armadas já estão acostumadas a trabalhar assim em outros eventos”, disse
Monteiro, do Ministério da Justiça.
Como vai ser na prática
Em cada cidade-sede da Copa das Confederações (Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife), o Ministério da Justiça montou um centro de comando e controle que irá monitorar a cidade e trocar informações em tempo real.
Em cada cidade-sede da Copa das Confederações (Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife), o Ministério da Justiça montou um centro de comando e controle que irá monitorar a cidade e trocar informações em tempo real.
No local, ficarão representantes da
Marinha, Aeronáutica, Exército, polícias Civil e Militar, Corpo de
Bombeiros, Defesa Civil, PF, Abin, Detran, polícias rodoviárias e outros
órgãos públicos e de segurança municipais, estaduais e federais. A
ideia é compartilhar inteligência e poder tomar decisões de forma
rápida. A coordenação em todas as cidades-sede está sob comando de um
general do Exército.
Nas cidades-sedes, a Abin construiu
também centros de inteligência, em que profissionais do setor trocarão
dados com a Interpol e outras agências de informação de Inglaterra,
Israel, Alemanha, Espanha, dentre outros, sobre suspeitos. Policiais
internacionais irão acompanhar descaracterizados torcidas procedentes de
seus países e a PF já recebeu dados de integrantes de torcidas
violentas, como os Hooligans, para adotar medidas, como proibir a
entrada no país ou a entrada nos estádios. Todos os nomes dos
compradores de ingressos foram informados para os serviços de
inteligência.
Haverá ainda uma central, em Brasília, para coordenação geral do evento e das atividades em todas as sedes.
“Tenho certeza que temos tropas
militares e policiais preparadas em todas as unidades-sede. Situações
específicas podem ocorrer, como em qualquer grande evento esportivo
internacional, mas nada que represente risco”, diz Monteiro, da Sesge.
Fonte: G1
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