Esteve a cultura da obediência cega, sistemática, automática ao poder, à ordem estabelecida, aos superiores, aos poderosos do dia. Sempre questionei essa subserviência abjeta e contumaz. Algo que foi incutido nas mentes e corações das pessoas como uma ideologia, uma espécie de fascismo matuto. Se a autoridade falou, tá falado, não se discute; se o patrão gritou,é obedecer na hora que nem caldo de cana; se o poderoso deu a ordem de ordinário, marche!, é marchar imediatamente e de cabeça baixa, alguns em passo de ganso, sem tugir e nem mugir. É a ideologia da obediência. É a manada cega, é o comportamento subserviente. Mas isso já era, é passado, graças a Deus.Vou desgradar a algumas pessoas, mas quando cheguei a Pesqueira, além do frio que me dava asma, algo me asfixiava mais ainda: a cultura da obediência. As pessoas nem na base do cochicho criticavam um graúdo. Não sei explicar, à luz da ciência, aquele comportamento geral de baixar a cabeça, mas acho que foi gerado pelas grandes fábricas e pelo catolicismo reacionário e conservador. Eles se deram as mãos e criaram essa cultura da obediência cega, retirando das pessoas o seu senso crítico, como se fosse uma castração do direito à Liberdade que sempre foi essencial ao homem, tao importante como o ar que ele respira.
Recordo que fiquei surpreso com o aplauso geral a um militar qe fora delegado, era tido como um semideus; os industriais, nem se fala, eram nobres, reis absolutos do pedaço; o bispo, em certa época nem andava, era carregado numa liteira. Oposição ideológica? Nem pensar. Não se pronunciava nada que fosse de encontro à ordem estabelecida. A única exceção, isso já na década de 60, foi Luizinha Arcoverde, o padre Zé Maria e alguns jovens. Mas sofreram perseguição atroz. Luizinha foi denuncada e presa durante meses nos cárceres da ditadura, camponeses foram presos, pintaram o sete. Recorde-se que Pesqueira foi o maior reduto no interior dos camisas verdes, os integralistas, a turna do anauê. Os índios eram taxados de caboclos preguiçosos e cachaceiros, e hoje, ironia do tempo, são os donos das terras da Serra do Ororubá, despejaram os latifundiários, os que cultuavam sua excelência, o boi. Novas repartições? Não queriam nem ouvir falar, eram foco de agitadores. Gente de fora? Só servia para trazer idéias malsãs e podiam contaminar o ambiente. A cultura da obediência cega pensava que poderia controlar todo o povo durante todo o tempo. Ledo engano.Sim, porque ninguém consegue parar a roda da história, a Liberdade vem até por gravidade. O furacão das idéias abre as comportas e inunda de idéias as mentes e os corações e, adeus, ideologia da subserviência. Foi o que aconteceu. Hoje se questiona tudo, nada do que foi será, como diz a canção e o tempo não pára como profetizou Cazuza. Hoje há problemas, injustiças, um pouco de prepotência, mas há a Liberdade, as pessoas botam a boca no trombne, denunciam, protestam, fazem zoada, rssgam a fantasia dos autoritários. Hoje raiou mesmo a liberdade, ela abriu as asas sobre Pesqueira.
Se eu fosse influente, se tocasse algum apito,juro, amigos, que mandaria erigir uma estátua de Luizinha Arcoverde no centroda cidade, e abaixo da estátua mandaria colocar uma inscrição com o verso de Cecília Meireles: “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta, que não há quem explique e ninguém que não entenda”.Aos saudosistas da ideologia da subserviência só resta entrar nos seus sarcófagos, são mortos-vivos. Acabou controle das mentes e corações. A liberdade se espraiou, invadiu contaminou. E não tem volta. A cidadania é irreversível. Viva a Liberdade.
PERGUNTA CABULOSA
Que a maioria dos políticos devia pedir a Papai Noel? Vergonha na cara.
FRASE: “A praça é do povo assim como o céu é do condor”. ( Castro Alves ). Nota: Esse verso não pode ser repetido em Pesqueira porque a covardia impede qualquer ação libertária. Infelizmente.
Postado por: F.M.G por wilian porto.fonte: combatepopular de: William Pôrto
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