Foto: Fábio Jardelino
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No dia em que o Brasil homenageia os mortos - 2 de novembro, Dia de Finados - duas dúvidas podem surgir nos vivos: quando vou morrer e qual será o custo da minha morte? Uma das perguntas, a data da derradeira hora, não há como descobrir. Já o dinheiro gasto com o velório e o funeral, é uma resposta que pode ser antecipada e, de uma certa forma, planejada. Na verdade, morrer pode não ser tão caro e burocrático quanto parece. Com um plano preventivo e um pouco de planejamento é possível tornar a morte um pouco menos trágica para os familiares.
Em Pernambuco, existem várias empresas especializadas em planos de assistência ao funeral, que podem acobertar todas as classes sociais. Eles oferecem jazigos, carros fúnebres, ornamentação e urnas (conhecidas popularmente como caixões). Alguns ainda incluem translados terrestres (ou aéreo, dependendo do plano) para o cemitério e oferta de café, chá e biscoitos para os convidados. O Casa Real é um dos estabelecimentos que oferecem esse serviço, que independe de idade ou condição de saúde do beneficiário.
O gerente da Casa Real, Ronaldo Leite, conta que há dois tipos de planos: prata e ouro. "O cliente pode pagar por mês R$ 12, para o plano mais básico, ou R$ 18, para o mais completo, e ainda pode incluir mais seis parentes", explica. A carência do serviço, porém, é de 90 dias e em caso de inadimplência, um acordo entre a família e a empresa pode ser feito, não sendo descartado todo o valor investido até o momento.
Morrer, para o gerente, é uma das certezas da vida e, por isso, a necessidade de "organizar" esse momento. "É muito delicado, mas precisa ser pensado. Muitas pessoas não tem condições de juntar dinheiro para um funeral, não se organizam. É aí que nós entramos", conta.
Um dos associados é o economista aposentado Edivaldo Pereira, de 65 anos. Para ele a morte ainda vai demorar, mas aderiu ao plano para não incomodar os familiares. "Espero que filho nenhum pague uma coroa de flores para mim. Eu quero deixar tudo pago", afirma. A morte para ele é mais investimento, uma poupança. "Vivo muito bem, administro um prédio comercial. Quero viver mais 40 ou 50 anos, mas, quando chegar a minha hora, não quero dar trabalho a ninguém".
Questionado sobre o preconceito de quem vê esse serviço como uma forma de pessimismo sobre a própria morte, Edivaldo foi bem claro: "Sou muito organizado. Sempre fui e quero ser na hora da minha morte também. Não tenho plano de saúde pensando em ficar doente, assim como tenho esse plano fúnebre e não penso em morrer".O Memorial Guararapes também incentiva quem se previne. Localizado na BR 101, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, o cemitério possui 2.200 jazidos, cada um com quatro gavetas sobrepostas. "Incentivamos sempre os planos preventivos, que podem custar menos.
Deixando tudo já organizado, o cliente, que está mais racional e menos emocional, evita vários problemas", conta o diretor comercial do local, Ricardo Credidio. Para os que preferem a cremação, o Memorial oferece o serviço por R$ 3.500, que também pode ser pago preventivamente.O Recife conta atualmente com cinco cemitérios públicos - Santo Amaro, Parque das Flores, Tejipió, Várzea e Casa Amarela. De acordo com a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), as taxas de enterro variam de acordo com cada cemitério. No caso de pessoas que não possuem o plano fúnebre, ainda existe o valor pago na funeária, que varia de acordo com o desejo da família.
Por ser um cemitério público, o sepultamento Santo Amaro, área central do Recife, custa R$ 75. O jazigo para adulto sai por R$ 20 e para criança, R$ 10. Os parentes não precisam pagar nenhuma taxa póstuma. Famílias que não possuem condições de pagar as taxas, podem procurar atendimento no Instituto de Assistência Social e Cidadania (IASC).
Fábio Jardelino e Suzan Vitorino
Do NE10
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