“As armas de brinquedo são utilizadas
para reproduzir a imagem do bem e do mal, do herói e do ladrão. Faz
parte do desenvolvimento, da representação própria da fase. A questão
torna-se complexa quando o estímulo à arma de brinquedo ocorre em um
contexto como o que vivemos atualmente, em que ela representa um
estímulo a mais à violência”, disse.
No Dia do Desarmamento Infantil, foi
lançada a campanha “Arma não é brinquedo: dê livros”, no Distrito
Federal. O objetivo é incentivar as crianças a trocar armas de brinquedo
por livros.
Maria Ângela Carneiro defende que os
pais e responsáveis evitem presentear as crianças com armas de brinquedo
ou as induzam a colecioná-los, por exemplo, mas argumenta que “caso
apareçam” o ideal é que o comportamento seja observado, para verificar
se há uma conotação mais violenta. “É importante observar que o fato de
não ter uma arma em mãos não significa que outro objeto não possa ser
transformado, segundo a imaginação das crianças, em algo similar a uma
arma. O responsável, seja ele professor, avô, pai ou mãe deve observar
qual é o intuito de sua utilização e de que forma ele aparece na
brincadeira para definir o tipo de orientação que deve ser dada”,
enfatizou.
A pedagoga acrescentou que esse tipo de
brinquedo exerce certo fascínio, especialmente, sobre os meninos porque,
em geral, reproduzem elementos da realidade à sua volta.
“Eles assistem a vídeos, filmes,
desenhos animados em que se utilizam armas com diversos efeitos e as
crianças representam o que veem, o que é próprio da idade”, disse.
“Também há uma questão de gênero envolvida, já que a figura masculina
sempre esteve associada à oportunidade da defesa, ao direito da luta, de
ir à guerra”, acrescentou.
Para ressaltar, no entanto, que nem
sempre a criança consegue dissociar do imaginário a arma de brinquedo do
equipamento real, ela citou um estudo conduzido pelo núcleo que
coordena. Na experiência, as crianças deveriam escolher entre vários
brinquedos um que gostaria de ganhar. Um dos meninos escolheu o
videogame, mas ao perceber que o controle usado para jogar
assemelhava-se à uma arma, a criança ficou extremamente incomodada e
acabou recuando.
“Ao conversarmos com o pai do menino,
descobrimos que a família havia sido assaltada recentemente e,
provavelmente, o objeto provocou não só o constrangimento, mas a volta à
uma situação de risco que ele não tinha superado”, disse.
Fonte: Estado de Minas
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