quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Em PE, economistas alertam para juros altos do cartão de crédito


Nos últimos meses, vários consumidores se viram aliviados com a diminuição dos juros do cheque especial e dos empréstimos bancários. No entanto, é preciso continuar atento ao perigo das compras parceladas no cartão de crédito. Por parecer fácil dividir uma compra em diversas vezes, o consumidor geralmente acaba gastando um dinheiro que ainda não recebeu.

Na realidade, o dinheiro é da operadora de cartão, e foi emprestado para que o usuário realize o desejo de comprar, mesmo que não possa pagar imediatamente. Apesar de trazer um certo benefício, especialistas concordam que é preciso saber usar o cartão de crédito, planejando e controlando as dívidas.

A babá Maria Betânia do Nascimento só aprendeu a lição depois de passar por um sufoco. Ela chegou a ter quase 10 cartões e devia mais que o dobro do salário recebido mensalmente. “Eu fiquei agoniada, aí quebrei meus cartões. Mas ainda tenho vários, só não vou usar, e estou tentando entrar em acordo com as lojas, para limpar meu nome”, desabafou.

De acordo com dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, que pesquisa os juros mensalmente, a dívida do cartão é realmente cara. Nos números referentes ao mês de agosto, é possível observar que os juros cobrados pelas operadoras ficaram, na média, em 10,7%. Enquanto isso, os do cheque especial giraram em torno de 8%, e os empréstimos nas financeiras em cerca de 7,7%.

Ainda no mesmo mês, juros de empréstimo pessoal no banco ficavam em 3,5%, e o que as lojas cobram nos crediários em torno de 4,5%. Os números mais baixos foram os referentes ao financiamento de carros: 1,5% ao mês. Além disso, a pesquisa mostrou ainda que, em agosto, a taxa de juros do cartão foi a mais alta dos últimos 12 anos.

O economista Marcelo Barros explica que o problema piora quando o consumidor escolhe usar o crédito rotativo, ao invés de pagar de uma só vez a dívida. Ele ilustrou a seguinte situação: um consumidor faz uma compra de R$ 2 mil e, nos meses seguintes, se mantém pagando 20% do saldo. Enquanto ele faz isso, a mesma dívida sobe em torno de 10%, ou seja, relativa aos juros.

Nessa situação, o comprador acabaria levando aproximadamente oito anos e quatro meses apenas para pagar esse saldo. Além disso, no final do pagamento, que deveria ser de apenas R$ 2 mil, ele acaba pagando R$ 4.666.

Barros deu uma sugestão para quem já está enrolado com os cartões: trocar a dívida por uma mais barata, ou seja, em que é possível pagar juros mais baixos. “Primeiro as pessoas podem ligar para a operadora de cartão de crédito e tentar uma negociação com aquela dívida. Também é possível ir ao banco e solicitar esse crédito mais barato, que é o consignado, por exemplo. Então a pessoa vai conseguir quitar a sua dívida do cartão de crédito, mas vai ficar devendo ao banco, só que pagando um juros mais barato”, explicou o economista.



Do G1 PE

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